Movimento Literário Barroco: Texto 5 - Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda (1640) de Padre Antônio Vieira
*O Sermão:
Se acaso for assim — o que vós não permitais — e está determinado em vosso secreto juízo, que entrem os hereges na Bahia, o que só vos represento humildemente, e muito deveras, é que, antes da execução da sentença, repareis bem, Senhor, no que vos pode suceder depois, e que o consulteis com vosso coração enquanto é tempo, porque melhor será arrepender agora, que quando o mal passado não tenha remédio. Bem estais na intenção e alusão com que digo isto, e na razão, fundada em vós mesmo, que tenho para o dizer. Também antes do dilúvio estáveis vós mui colérico e irado contra os homens, e por mais que Noé orava em todos aqueles cem anos, nunca houve remédio para que se aplacasse vossa ira. Romperam-se enfim as cataratas do céu, cresceu o mar até os cumes dos montes, alagou-se o mundo todo: já estaria satisfeita vossa justiça, senão quando ao terceiro dia começaram a boiar os corpos mortos, e a surgir e aparecer em multidão infinita aquelas figuras pálidas, e então se representou sobre as ondas a mais triste e funesta tragédia que nunca viram os anjos, que homens que a vissem, não os havia.
Fonte: http://www.soliteratura.com.br/barroco/barroco06.php [Fragmentado] - Acesso em 05 de Outubro de 2016
*A Análise:
O sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda do padre Antônio Vieira assim como os outros texto do período da literatura barroca tem como marca o conceptismo, que seria caracterizado pelo logicismo e agudeza do pensamento, concisão, uso intensivo de conceitos e imagens de persuasão racional. Formalmente os sermões são divididos em três partes:
Introito ou Exórdio: a apresentação, introdução do assunto.
Desenvolvimento ou argumento: defesa de uma ideia com base na argumentação.
Peroração: parte final, conclusão.
Neste sermão observamos tanto interesses políticos quanto religiosos. Mostra o período do ciclo da cana-de-açúcar no Brasil, marcado pelas invasões holandesas e conflitos religiosos, já que a coroa portuguesas defendia o catolicismo e a Holanda o protestantismo .Neste sermão, o padre incita os seguidores a reagir contra as invasões Holandesas. Alegavam que a presença dos protestantes na colônia resultaria em uma série de depredações à colônia.
Aluna: Tayná Couto - Turma C
O Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda, é uma espécie de incitação, um convite para que o povo combata os infiéis holandeses, discorrendo sobre os horrores e depredações que os protestantes fariam caso invadissem a Bahia. Avalia-se, portanto, que o efeito moral deste Sermão produziu efeitos muito positivos nos ânimos de seus ouvintes. Os holandeses foram expulsos, e a estrela de Maurício de Nassau, que brilhou durante muitos anos em Pernambuco, esvaiu-se, e os portugueses mantiveram seu imperialismo. A exploração em nome de uma suposta fé verdadeira permaneceu cada vez mais avassaladora, e continua, mesmo que de outra maneira, até os dias de hoje.
ResponderExcluirFaço menção para o seguinte trecho: "[...] Também antes do dilúvio estáveis vós mui colérico e irado contra os homens, e por mais que Noé orava em todos aqueles cem anos, nunca houve remédio para que se aplacasse vossa ira. Romperam-se enfim as cataratas do céu, cresceu o mar até os cumes dos montes, alagou-se o mundo todo [...]"
ResponderExcluirDestaco este trecho pelo fato de Padre Antônio Vieira usar um trecho bíblico de suma importância para fazer referência do assunto principal de seu sermão 'Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda'. O autor possui uma brilhante ideia de utilizar um trecho bíblico muito conhecido e importante que é o Dilúvio e da Arca de Noé do livro bíblico de Gênesis (Primeiro Livro da Bíblia que destaca a Criação do Mundo), utilizou este mesmo trecho como uma figura de linguagem, figura esta que deixou o sermão com um destaque importantíssimo, pois faz o leitor parar e analisar do por quê de se utilizar a passagem como figura de linguagem e ligando com o tema colocado em questão pelo autor.
O que muito me chama a atenção nos sermões de Padre Antônio Vieira é do desenvolvimento da estrutura textual, desde o início, os argumentos defendidos e a conclusão, o autor mostra-se capaz de utilizar diversos meios para chamar a atenção do leitor principalmente com as figuras de linguagem utilizadas. O uso da ironia e do exagero é uma marca gramatical de seus sermões.
Falando um pouco do sermão em si, Padre Antônio Vieira destaca com clareza os conflitos religiosos observados por ele, e argumentando o assunto utiliza de seus ensinamentos bíblicos e da doutrina do catolicismo. Lendo o trecho a seguir comprova sua visão dos conflitos e seu argumento como religioso: "[...] já estaria satisfeita vossa justiça, senão quando ao terceiro dia começaram a boiar os corpos mortos, e a surgir e aparecer em multidão infinita aquelas figuras pálidas, e então se representou sobre as ondas a mais triste e funesta tragédia que nunca viram os anjos, que homens que a vissem, não os havia."
O livro de Padre Antônio Vieira, O sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda fala sobre a baía que estava preste a cair sobre as mãos dos holandeses em 1640, e Padre Antônio Vieira dirigi seu sermão ao povo para que combata os infiéis holandeses, o efeito moral do sermão trouxe ânimo aos que combatiam os holandeses que foram expulsos.
ResponderExcluirNeste texto destaca o contexto, que portugal está perdendo o poder do Brasil para os Holandeses e o padre Antônio Vieira estimula os brasileiros à luta armada, Vieira se dirige a Deus para que não julgue "rempreende-o", pelo qual motivo está permitindo qie aconteça com os portugueses.
ResponderExcluirPesquisando mais sobre este sermão de Padre Antônio Vieira e fazendo a leitura de outros trechos dele , podemos ver claramente o padre repreendendo Deus em algumas partes mostrando o quanto queria a vitória para Portugal . Um exemplo claro dessas ocasiões é este trecho :
ResponderExcluir" Pequei, que mais Vos posso fazer? E que fizestes vós, Job, a Deus em pecar? Não Lhe fiz pouco; porque Lhe dei ocasião a me perdoar, e perdoandome, ganhar muita glória. Eu dever-Lhe-ei a Ele, como a causa, a graça que me fizer; e Ele dever-me-á a mim, como a ocasião, a glória que alcançar. (...). Em castigar, vencei-nos a nós, que somos criaturas fracas; mas em perdoar, vencei-Vos a Vós mesmo, que sois todo-poderoso e infinito. Só esta vitória é digna de Vós, porque só vossa justiça pode pelejar com armas iguais contra vossa misericórdia; e sendo infinito o vencido, infinita fica a glória do vencedor. "
Muito bem, pessoal! Vocês melhoraram bastante.
ResponderExcluirMarcos, você não vai participar?
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