segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Movimento Literário Arcadismo: Cartas Chilenas

*Explicação:

 
As cartas chilenas são obras de Tomás Antônio Gonzaga . Elas são divididas em 13 cartas , todas escritas por "Critilo" (pseudônimo do autor) sempre comentando as ações corruptas , o abuso do poder e os erros de liderança cometidos pelo "Fanfarrão da costa" , personagem que interpreta o governador do "Chile" (a cidade de vila rica) . Todas elas eram enviadas a "Doroteu" (personagem de Cláudio Manuel Da Costa ) , residente em Madri . Esses poemas usam de uma linguagem satírica e agressiva , escritos em versos decassíbalos e tinham estrutura de carta . O curioso das cartas é que Gonzaga não deixou claro quais pessoas os personagens representavam , que só foi descoberto algum tempo depois devido a diversos estudos. São poemas satíricos, em versos decassílabos brancos (sem rimas), que circularam em Vila Rica em manuscritos, poucos anos antes da Inconfidência Mineira, em 1789. Revelando seu lado satírico, num tom mordaz, agressivo, jocoso, pleno de alusões e máscaras, o poeta satiriza ferinamente a mediocridade administrativa, os desmandos dos componentes do governo, o governador de Minas e a Independência do Brasil.

Conteúdo das cartas

1ª Carta - Entrada de Fanfarrão em Chile (isto é, a chegada do governador Cunha Menezes em Vila Rica)
2ª Carta - Fingimentos no início para aos poucos centralizar todos os negócios
3ª e 4ª Cartas - Injustiças e violências de Fanfarrão por "causa de uma cadeia"
5ª e 6ª Cartas - Desordens nas festas de casamento de Fanfarrão
7ª Carta - Sobre as decisões arbitrárias de Fanfarrão
8ª Carta - Corrupção em vendas de despachos e contratos
9ª Carta - desordens no "governo das tropas"
10ª Carta - "desordens maiores que fez em seu governo"
11ª Carta - "brejeirices" do governador
12ª Carta - imoralidade e atos prepotentes de Fanfarrão em prol de seus protegidos
13ª Carta - Existe apenas um curto fragmento



*Trecho de uma Carta Chilena:


8ª carta - Tomás Antônio Gonzaga. Vila Rica (1786)


 Entraram, nas comarcas, os soldados,
E entraram a gemer os tristes povos.
Uns tiram os brinquinhos das orelhas
Das filhas e mulheres; outros vendem
As escravas, já velhas, que os criaram,
Por menos duas partes do seu preço.
Aquele que não tem cativo, ou jóia,
Satisfaz com papéis, e o soldadinho
Estas dívidas cobra, mais violento
Do que cobra a justiça uma parcela
Que tem executivo aparelhado,
Por sábia ordenação do nosso reino.
Por mais que o devedor exclama e grita
Que os créditos são falsos, ou que foram
Há muitos anos pagos, o ministro
Da severa cobrança a nada atende;
Despeza estes embargos, bem que o triste
Proteste de os provar incontinenti.


*Análise do Trecho da Carta Chilena:

Na oitava carta é notável o uso de versos satíricos, o poeta faz observações críticas considerando um tipo de corrupção em vendas de despachos e contratos. O poeta faz observações em que umas são bem detalhistas no momento em que foram relatadas. Assim, como faz partes de uma das características das cartas chilenas, que é falar do governo, de relatar os principais acontecimentos considerados problemáticos no períodos da Inconfidência Mineira e até a Independência do Brasil. Destaca-se também uma característica importante do Período do Arcadismo que é presente na cara, a ascensão do Iluminismo e do Antropocentrismo, nesta época aconteceu a transição do teocentrismo para o antropocentrismo, onde quem passa a ser o centro de tudo é o homem, priorizando assim o uso da razão e do pensamento racional, concretizando assim os ideais filosóficos e sociológicos. O poeta ironicamente satirizava a mediocridade da administração pública, principalmente com os problemas de corrupção interna e externa dos governos da época com os diversos movimentos radicais e revolucionários propostos para mudança na época.


Disponível em:

http://www.enemsimples.info/2011/07/resumo-cartas-chilenas-tomas-antonio.html#ixzz4PdkTr0mf
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cartas_Chilenas

http://www.franklinmartins.com.br/estacao_historia_artigo.php?titulo=cartas-chilenas-8-carta-tomas-antonio-gonzaga-vila-rica-1786



Alunos: Mateus Mota, Jean Carlos e Jhonata Schelck - Turma C

 

Movimento Literário Arcadismo: Texto 6 - Lira XIX de Tomás Antônio Gonzaga

*A Lira:





Enquanto pasta alegre o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.


Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive, nos descobre
A sábia natureza.

 Atende, como aquela vaca preta
O novilhinho seu dos mais separa,
E o lambe, enquanto chupa a lisa teta.
Atende mais, ó cara,
Como a ruiva cadela
Suporta que lhe morda o filho o corpo,
E salte em cima dela.


Repara, como cheia de ternura
Entre as asas ao filho essa ave aquenta,
Como aquela esgravata a terra dura,
E os seus assim sustenta;
Como se encoleriza,
E salta sem receio a todo o vulto,
Que junto deles pisa.


Que gosto não terá a esposa amante,
Quando der ao filhinho o peito brando,
E refletir então no seu semblante!
Quando, Marília, quando
Disser consigo: “É esta
“De teu querido pai a mesma barba,
“A mesma boca, e testa.”


Disponível em: http://www.soliteratura.com.br/arcadismo/arcadismo03.php [Fragmentado]


*A Análise:

Esta lira escrita por Tomás Antônio Gonzaga mostra o eu lírico de certa forma convidando Marília a pensar sobre tudo que aprendemos e continuamos aprendendo com a natureza . Como foco queria colocar a natureza como a medida das coisas . Também podemos observar característica bem presentes do Arcadismo , como a linguagem simples , com naturalidade e a utilização do pseudônimo por parte do poeta . Pseudônimo que era muito presenta nos poemas da época com o intuito de meio que criar uma segunda identidade .


Aluno: Mateus Mota - Turma C

Movimento Literário Arcadismo: Texto 5 - Soneto XIV de Cláudio Manuel da Costa

*O Soneto:



Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.


Que bem é ver nos campos transladado
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!


Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trata a mentira, outro a verdade.


Ali não há fortuna, que soçobre;
Aqui quanto se observa, é variedade:
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!


Disponível em: http://googleweblight.com/?lite_url=http%3A%2F%2Fwww.biblio.com.br%2Fconteudo%2FClaudioManoeldaCosta%2Fmpoemas.htm&ei=qtNfskb4&lc=pt-BR&s=1&m=30&host=www.google.com.br&ts=1479003483&sig=AF9NedlNeuqWKUOBJZOmLTPIoMJd-bJc1g [Fragmentado]


*A Análise:

O poeta já deixa claro qual é o tema de seu soneto: a tranquilidade do campo e a corrupção da vida urbana. Sendo assim, nos primeiros versos o eu-lírico, por meio duma metáfora, “o rosto da violência”, sintetiza o quão desastroso pode ser deixar o campo. E, é essa a situação do sujeito-lírico, ele adverte àqueles que planejam deixar o trato pastoril que na cidade os desgostos e as desilusões são inevitáveis.


Aluno: Marcos Paulo - Turma C