*O Sermão:
(...)
Sendo, pois, o desejo de mandar no homem não só soberania da natureza no seu primeiro estado, como em Adão, mas reparo e alívio do segundo, como em Eva, e, nascendo o mesmo desejo, antes, sendo gerado conosco, como em Jacó e Esaú, por que não quer mandar S. Roque? O mesmo entendimento e alto juízo, com que não quis servir, o obrigava a que quisesse mandar, porque é primeiro princípio da política natural, como ensina Aristóteles, que aos mais bem entendidos pertence o mandar, como aos que menos entendem o servir. Logo, contra todos estes ditames da natureza e da razão parece que obrou S. Roque, em demitir de si o mando e governo dos súditos, de que o nascimento o fizera herdeiro, e o entendimento senhor. O não querer servir a homens, seja embora prudente resolução, pelos motivos que apontamos; mas o não querer mandar homens, e tais homens, que fundamentos podia ter bastantes, não digo já, que aprovem uma tão extraordinária ação, mas que racionalmente a não estranhem, e ainda condenem? Bem creio que não ocorrerão facilmente as razões à ambição e apetite cego com que se governa o mundo, por isso tão mal governado. Respondo, porém, e digo que, se S. Roque teve grandes razões para não servir a homens, as mesmas, e muito maiores, teve para não querer mandar homens. E por quê? Porque maior servidão é o mandá-los que o servi-los.
(...)
Fonte: http://clbarroca.webnode.com.br/padre-antonio-vieira/serm%C3%A3o%20de%20s%C3%A3o%20roque/ - Acesso em 15 de Outubro de 2016
*A Análise:
Padre Antônio Vieira é responsável pelo desenvolvimento da prosa no período barroco, e é muito conhecido por seus Sermões que causaram grandes polêmicas em sua época. O Sermão de São Roque é um discurso que Padre Antônio Vieira fez, que foi pregado em Salvaterra, em 1659. Padre Antônio Vieira desenvolveu um argumento original para mostrar que o Rei poderia utilizar os dinheiros dos comerciantes judeus, e frisou na festa de São Roque, na Capela Real, " Não houve no mundo dinheiro mais sacrílego do que aqueles trinta dinheiros porque Judas vendeu Cristo.". No texto Padre Antônio Vieira diz uma fala muito importante, que o ato de mandar e servir é natural, mas cabe aos mais conhecedores mandar, e os mais ignorantes servir.
Aluno: Matheus Ribeiro - Turma C
Neste Blog você poderá se aprofundar com as principais obras dos autores dos movimentos literários Barroco e Arcadismo. Você encontrará um material completo, com análises e debates relacionados com ambos os movimentos da literatura. Visando enriquecer o conteúdo, também estará incluído questões do Enem, relacionadas com estes movimentos literários e além de um rico material audiovisual.
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Pesquisando mais sobre o sermão de Padre Antônio Vieira , fiz a descoberta de que este sermão foi escrito na tentativa de ajudar seu país na situação econômica , quando este passava por uma guerra contra Espanha .
ResponderExcluirO sermão do Padre Antônio Vieira falam sobre a preocupação com a situação econômica do país em guerra com a Espanha. e pesquisando uma pouco mais sobre o sermão é que foi pronunciado na Capela Real, na presença do rei, e tem esse nome pois foi pregado no Dia de São Roque.
ResponderExcluirAnalisando a frase: [...] "como em Jacó e Esaú, por que não quer mandar S. Roque?" [...], mostra Padre Antônio Vieira mais uma vez utilizando de passagens bíblicas para ser colocadas em seus sermões como uma figura de linguagem para ilustrar sua crítica principal.
ResponderExcluirNesta outra frase: [...] "Bem creio que não ocorrerão facilmente as razões à ambição e apetite cego com que se governa o mundo, por isso tão mal governado." [...], dá para notar que o Autor faz criticas duras à situação governamental do mundo. Na frase Padre Antônio destaca que o mal governo é por consequência de ambições, principalmente lucrativas. O sermão apresenta um estilo conceptista, que privilegia a retórica e o encadeamento lógico de ideias e conceitos sobre a crítica em questão.
Analisando o sermão mais à fundo e como bem disse o nosso amigo Mateus Mota, percebe-se que ele foi escrito em um período em que seu país passava por situações ruins na economia. Uma frase que eu gostei bastante e que a análise já frisou é: "... aos mais bem entendidos pertencem o mandar, como aos que menos entendem servir."
ResponderExcluirAtravés de estudos sobre o padre antônio vieira, suas obras foram escritas em uma época onde varias atitudes tomadas pelo catolicismo eram apoiadas. nesta analise que nosso companheiro de grupo fez deu a idéia de que ele usa palavras de um instrumento religioso para sua descrição é critica no sermão, mas em outra passagem no sermão da ideia de uma politica mal instrutura no mundo .
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirComo citado acima este texto do Padre Antônio Vieira foi escrito com a intenção de criticar a situação econômica é política na qual passava o Brasil durante o período de Guerra contra a Espanha.Mesmo conhecendo o contexto histórico e como eram escritos os textos do período barroco, com figuras de linguagens e muitas outras características não é muito fácil entende-los . Textos com toda uma complexidade e jogos de palavras, bem diferentes dos escritos hoje e este sermão por se tratar de um texto escrito em 1654 requer um olhar a mais na interpretação. O que mais me chama atenção nos sermões do padre é como são escritos. Sempre tendo uma passagem bíblica,introito, introdução do assunto e terminado com uma conclusão.
ResponderExcluirMuito bem, pessoal! Vocês estão melhorando. Porém, ainda precisam ler o que escrevem antes de postar. Há alguns probleminhas que prejudicam o entendimento do texto de vocês.
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