*A Poesia:
Ó que cansado trago o sofrimento
Ó que injusta pensão da humana vida,
Que dando-me o tormento sem medida,
Me encurta o desafogo de um contento!
Nasceu para oficina do tormento
Minha alma, a seus desgostos tão unida,
Que por manter-se em posse de afligida
Me concede os pesares de alimento.
Em mim não são as lágrimas bastantes
Contra incêndios, que ardentes me maltratam,
Nem estes contra aqueles são possantes:
Contrários contra mim em paz se tratam,
E estão em ódio meu tão conspirantes,
Que só por me matarem não se matam.
Fonte: http://www.academia.org.br/academicos/gregorio-de-matos/textos-escolhidos [Fragmentado] - Acesso em 24 de Setembro de 2016
*A Análise:
Gregório de Matos Guerra, um poeta que escreveu grandes obras compreendidas por: poesia lírica, sacra, satírica e erótica. Na poesia "Efeitos Contrários do Amor", podemos notar claramente um tipo de poesia lírica. Nesta mesma poesia é interessante perceber que o próprio título resume a poesia em si, no qual se fala dos efeitos de se amar alguém, efeitos contrários do realmente esperado. "Ó que cansado trago o sofrimento" - Já no início da poesia podemos perceber o grande sofrimento do eu-lírico, implicitamente mostra-se apaixonado por alguém ou estava recordando do seu possível passado triste em relação da sua paixão. Em nenhum momento a palavra amor (Palavra amor com sua essência real do esperado) aparece, deixando ainda mais claro o quão crítico está a situação do mesmo. Só encontramos desgraça, desamor e dor na composição da poesia. Importantíssimo destacar a linguagem predominante, especialmente no início deste movimento literário barroco, um movimento muito importante para o contexto da literatura. Lembrando que Gregório de Matos vivia em um período da proibição da liberdade de expressão principalmente por meios comunicativos e jornalísticos, o que dificultara mais ainda mais pela suas obras que escrevia estando sujeito a punições da época por desacato. Retomando a análise sobre a poesia, lendo e observando a poesia em si, é notável que o eu-lírico sofre por um amor não correspondido, explicando assim o porque de tanto sofrimento, dor e seu desamor, obviamente tudo em consequência desta não correspondência. Interessante como se destaca valores históricos, sociais e culturais em virtude deste amor desenfreado dos homens pelas suas paixões, paixões estas geralmente não correspondidas, e como resultado final, podemos relembrar o próprio título desta mesma poesia, "Efeitos Contrários do Amor"- de tanto amar e não ter a devida correspondência, o eu-lírico (apaixonado) acaba descobrindo um outro lado desse amor, um lado mais obscuro, dolorido e contrário do que realmente o mesmo achara do que era o amor verdadeiro.
Aluno: Jhonata Schelck da Silva Souza - Turma C
Neste Blog você poderá se aprofundar com as principais obras dos autores dos movimentos literários Barroco e Arcadismo. Você encontrará um material completo, com análises e debates relacionados com ambos os movimentos da literatura. Visando enriquecer o conteúdo, também estará incluído questões do Enem, relacionadas com estes movimentos literários e além de um rico material audiovisual.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Achei bem interessante o texto e a análise apresentadas. A análise foi muito boa, contendo informações que nos ajuda até a compreender melhor o texto. Sobre o texto é importante ressaltar que ele não cita a palavra amor, como dito na análise acima, e que ele faz juz ao título da obra, que durante a leitura percebemos que há somente sentimentos ruins e reprimidos, tais que são realmente o contrário do que o amor tem a oferecer.
ResponderExcluirEfeitos contrários do amor, de Gregório de matos guerra é uma poesia que para se entender precisa de uma certa atenção . Na análise feita por jhonata schelck compreendi todo o contexto da poesia , desde a época, à mensagem que o poeta queria passar .
ResponderExcluirUm dos fatos que mais me chamou atenção na análise foi que a poesia foi escrita em um tempo onde qualquer sinal de ofensa poderia acarretar em uma punição por desacato .
Para uma pessoa que não entendeu a poesia indico com toda certeza essa análise , que por sinal é muito completa e de fácil compreensão .
Como nosso parceiro de grupo jhonata,o Gregório de matos guerra, passa o efeito de um amor não correspondido, um amor que na verdade um amor que não existe.
ResponderExcluirComo o Jhonata disse em sua análise , na poesia acontece um amor do eu-lírico por alguém, mas a palavra amor não aparece, isso que me surpreendeu, um amor não correspondido que não existe .
ResponderExcluirNão tem nada melhor para compreender uma determinada época, do que a literatura. Através dela, temos contato com novos tipos de linguagens , sociedades e pensamentos e também observar como esses pensamentos mudam ao longo do tempo ou permanecem o mesmo sobre determinadas questões. Observamos isso no texto de Gregório de Matos Guerra. Texto escrito no início da literatura barroca e como diz a análise em um período de proibição da liberdade de expressão o que não se vê tando hoje e também a ideia dos efeitos contrários do amor, dando para perceber que mesmo depois de vário anos, o amor ainda é uma constante de felicidades e tristezas. E com certeza uma das melhores partes do blog é que entre análises e textos sempre vemos um olhar diferente. Adorei a análise feita por Jhonata Schelck ,além de facilitar o entendimento do texto foi muito bem feita.
ResponderExcluirA poesia está ótima. Como o Jhonata falou, "o próprio título resume a poesia em si". Essa é uma poesia que mostra o outro lado do amor, o lado "ruim". O que o Gregório de Matos Guerra quis mostrar é que nem toda paixão ou amor nos deixa feliz e radiante, ela também pode nos fazer sofrer e nos deixar triste. A fala está bem fácil de ser compreendida e o Contexto é muito bom.
ResponderExcluirParabéns pela análise e pela escolha do texto! Alguns comentários ainda precisam melhorar, estão muito superficiais e não acrescentam muito à análise. Cuidado com a redação, galera. Há vários probleminhas nos textos de vocês. A redação também é item de avaliação. Ajudem uns aos outros.
ResponderExcluir