sábado, 19 de novembro de 2016

Movimento Literário Arcadismo: Questões do Enem sobre o Arcadismo com Gabrito Comentado

Questões do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) sobre o Movimento Literário Arcadismo

 
 
 
 
ENEM 2016  Questão 132 - Soneto VII
 
 
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
 
Uma fonte aqui  houve; eu  não  me esqueço
De estar a ela um dia reclinado:
Ali em vale um monte está mudado:
Quando pode dos anos o progresso!
 
Árvores  aqui vi  tão  florescentes
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
 
Eu me  engano: a região esta  não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera.
 
 
(COSTA, C.M. Poemas. Disponível em  www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 7 jul  2012)
 
No soneto de  Claudio Manuel da Costa, a contemplação da  paisagem permite  ao  eu  lírico uma reflexão em que transparece uma
 
(A) angústia provocada pela sensação de solidão.
(B) resignação diante das  mudanças do  meio ambiente.
(C) dúvida existencial em  face do espaço desconhecido.
(D) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.
(E) empatia entre os sofrimentos do eu e  a agonia da terra.
 
 
Gabarito oficial: E
Comentário:
Assim como  nas  edições  anteriores,  a banca  não deixa  muito explícito  qual é  o  tema da  questão, mas  o   leitor que   fizer  a  leitura  com  atenção concluirá que  o  tema é o  Arcadismo.  Claudio Manuel  da Costa — autor do poema  —   é um dos  principais escritores daquele  movimento  literário.
O texto de  Claudio é representativo de  algumas  das  características  árcades: o fugere  urbem, o  bucolismo e locus amoenus, presentes no retorno ao  campo  e  no desejo explícito de  vida tranquila que  outrora o eu   lírico  vislumbrara (“Uma  fonte aqui  houve”; “Árvores aqui vi florescentes”)O desejo de  tranquilidade se  contrapõe à realidade, uma vez que  o  eu  lírico demonstra  ter encontrado  um lugar  diferente  daquele  guardado em  sua  memória (“Eu me  engano: a região esta  não era; / Mas que venho a estranhar, se estão presentes /Meus males, com que tudo degenera.”).
 
 
ENEM 2015 Questão 110 - Casa dos Contos
 
 
& em cada conto te cont
o & em cada enquanto me enca
nto & em cada arco te a
barco & em cada porta m
e perco & em cada lanço t
e alcanço & em cada escad
a me escapo & em cada pe
dra te prendo & em cada g
rade me escravo & em ca
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em
cada claúdio te canto & e
m cada fosso me enforco &

(ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.)

O contexto histórico e literário do período barroco- árcade fundamenta o poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea revela que
 
(A) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a observação da realidade social.
(B) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.
(C) a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta com a utopia e sua opção por uma linguagem erudita.
(D) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de procedimentos estéticos e literários.
(E) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes.
 
Gabarito oficial : E
Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
Comentário
Esta  é uma questão de nível difícil,  pois – em   uma  leitura desatenta –  o  estudante pode  não perceber  a  relação entre o texto de  1975 e a produção  literária do século   XVIII.  O  aluno deve  observar que  o poema usado no  Exame tem   características estéticas do  Concretismo, mas  sua  referência  são  os poetas árcades, envolvidos com a Inconfidência  Mineira.
A  primeira  referência  ao movimento  literário do   século XVIII é  o   título:  “Casa dos  Contos” é um dos  prédios  do  sistema de  museus de  Ouro Preto  (antiga  Vila  Rica). A  construção  foi, originalmente, a  “Casa de  Contratos”, destinada ao  recolhimento de  impostos;  no  entanto,  em  1789, passou a ser a Sede da Administração e Contabilidade Pública da Capitania de Minas Gerais (daí ser  chamada Casa dos Contos) e serviu de prisão aos  Inconfidentes (entre eles, os Tomás Antônio Gonzaga e  Claudio Manoel da  Costa).
O estudante deve   perceber  que  o   poema  é  uma descrição do prédio  onde  os  inconfidentes foram  presos: “… em cada  porta…”, “… em  cada arco…”, “… em cada  porta”…, “… em cada fosso…”, “… em cada Claudio…”.
 
 
Disponível em:
 
Alunos: João Victor Menegatti e Jhonata Schelck - Turma C



Movimento Literário Arcadismo: Texto 7 - A Uma Senhora Natural do Rio de Janeiro, Onde se Achava Então o Autor de José Basílio da Gama

*O Poema:



Já, Marfiza cruel, me não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Qu'inda te espero ver, por causa delas,
Arrependida de ter sido ingrata.


Com o tempo, que tudo desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças d'oiro converte-se em prata.


Pois se sabes que a tua formosura
Por força há de sofrer da idade os danos,
Por que me negas hoje esta ventura?


Guarda para seu tempo os desenganos,
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco, a flor dos anos.



Disponível em: http://www.escritas.org/pt/t/13026/a-uma-senhora-natural-do-rio-de-janeiro-onde-se-achava-entao-o-autor 


*A Análise:

De acordo com a estrutura do texto, percebe-se que o poema se denomina soneto, por apresentar dois quartetos e dois tercetos. Na obra de José Basílio da Gama "A UMA SENHORA NATURAL DO RIO DE JANEIRO, ONDE SE ACHAVA ENTÃO O AUTOR" destaca-se a idealização da mulher amada, já que suas frases se direciona à uma pessoa feminina quando fala " Arrependida de ser ingrata ". José Basílio da Gama é um autor em que se destaca o início de seus poemas com uma narração quando fala " Já, Marfiza cruel, me não maltrata ", nesse trecho o autor passa a entender um amor em que ele foi iludido, como que ele possa ter ficado triste. Ao final do texto o autor fala " Guarda para seu tempo os desenganos, gozemo-nos agora, enquanto dura, já que dura tão pouco, a flor dos anos. " como que sua mulher que o maltratou ficasse por anos guardando seus desenganos.


Aluno: Matheus Ribeiro - Turma C

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Movimento Literário Arcadismo: Cartas Chilenas

*Explicação:

 
As cartas chilenas são obras de Tomás Antônio Gonzaga . Elas são divididas em 13 cartas , todas escritas por "Critilo" (pseudônimo do autor) sempre comentando as ações corruptas , o abuso do poder e os erros de liderança cometidos pelo "Fanfarrão da costa" , personagem que interpreta o governador do "Chile" (a cidade de vila rica) . Todas elas eram enviadas a "Doroteu" (personagem de Cláudio Manuel Da Costa ) , residente em Madri . Esses poemas usam de uma linguagem satírica e agressiva , escritos em versos decassíbalos e tinham estrutura de carta . O curioso das cartas é que Gonzaga não deixou claro quais pessoas os personagens representavam , que só foi descoberto algum tempo depois devido a diversos estudos. São poemas satíricos, em versos decassílabos brancos (sem rimas), que circularam em Vila Rica em manuscritos, poucos anos antes da Inconfidência Mineira, em 1789. Revelando seu lado satírico, num tom mordaz, agressivo, jocoso, pleno de alusões e máscaras, o poeta satiriza ferinamente a mediocridade administrativa, os desmandos dos componentes do governo, o governador de Minas e a Independência do Brasil.

Conteúdo das cartas

1ª Carta - Entrada de Fanfarrão em Chile (isto é, a chegada do governador Cunha Menezes em Vila Rica)
2ª Carta - Fingimentos no início para aos poucos centralizar todos os negócios
3ª e 4ª Cartas - Injustiças e violências de Fanfarrão por "causa de uma cadeia"
5ª e 6ª Cartas - Desordens nas festas de casamento de Fanfarrão
7ª Carta - Sobre as decisões arbitrárias de Fanfarrão
8ª Carta - Corrupção em vendas de despachos e contratos
9ª Carta - desordens no "governo das tropas"
10ª Carta - "desordens maiores que fez em seu governo"
11ª Carta - "brejeirices" do governador
12ª Carta - imoralidade e atos prepotentes de Fanfarrão em prol de seus protegidos
13ª Carta - Existe apenas um curto fragmento



*Trecho de uma Carta Chilena:


8ª carta - Tomás Antônio Gonzaga. Vila Rica (1786)


 Entraram, nas comarcas, os soldados,
E entraram a gemer os tristes povos.
Uns tiram os brinquinhos das orelhas
Das filhas e mulheres; outros vendem
As escravas, já velhas, que os criaram,
Por menos duas partes do seu preço.
Aquele que não tem cativo, ou jóia,
Satisfaz com papéis, e o soldadinho
Estas dívidas cobra, mais violento
Do que cobra a justiça uma parcela
Que tem executivo aparelhado,
Por sábia ordenação do nosso reino.
Por mais que o devedor exclama e grita
Que os créditos são falsos, ou que foram
Há muitos anos pagos, o ministro
Da severa cobrança a nada atende;
Despeza estes embargos, bem que o triste
Proteste de os provar incontinenti.


*Análise do Trecho da Carta Chilena:

Na oitava carta é notável o uso de versos satíricos, o poeta faz observações críticas considerando um tipo de corrupção em vendas de despachos e contratos. O poeta faz observações em que umas são bem detalhistas no momento em que foram relatadas. Assim, como faz partes de uma das características das cartas chilenas, que é falar do governo, de relatar os principais acontecimentos considerados problemáticos no períodos da Inconfidência Mineira e até a Independência do Brasil. Destaca-se também uma característica importante do Período do Arcadismo que é presente na cara, a ascensão do Iluminismo e do Antropocentrismo, nesta época aconteceu a transição do teocentrismo para o antropocentrismo, onde quem passa a ser o centro de tudo é o homem, priorizando assim o uso da razão e do pensamento racional, concretizando assim os ideais filosóficos e sociológicos. O poeta ironicamente satirizava a mediocridade da administração pública, principalmente com os problemas de corrupção interna e externa dos governos da época com os diversos movimentos radicais e revolucionários propostos para mudança na época.


Disponível em:

http://www.enemsimples.info/2011/07/resumo-cartas-chilenas-tomas-antonio.html#ixzz4PdkTr0mf
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cartas_Chilenas

http://www.franklinmartins.com.br/estacao_historia_artigo.php?titulo=cartas-chilenas-8-carta-tomas-antonio-gonzaga-vila-rica-1786



Alunos: Mateus Mota, Jean Carlos e Jhonata Schelck - Turma C

 

Movimento Literário Arcadismo: Texto 6 - Lira XIX de Tomás Antônio Gonzaga

*A Lira:





Enquanto pasta alegre o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.


Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive, nos descobre
A sábia natureza.

 Atende, como aquela vaca preta
O novilhinho seu dos mais separa,
E o lambe, enquanto chupa a lisa teta.
Atende mais, ó cara,
Como a ruiva cadela
Suporta que lhe morda o filho o corpo,
E salte em cima dela.


Repara, como cheia de ternura
Entre as asas ao filho essa ave aquenta,
Como aquela esgravata a terra dura,
E os seus assim sustenta;
Como se encoleriza,
E salta sem receio a todo o vulto,
Que junto deles pisa.


Que gosto não terá a esposa amante,
Quando der ao filhinho o peito brando,
E refletir então no seu semblante!
Quando, Marília, quando
Disser consigo: “É esta
“De teu querido pai a mesma barba,
“A mesma boca, e testa.”


Disponível em: http://www.soliteratura.com.br/arcadismo/arcadismo03.php [Fragmentado]


*A Análise:

Esta lira escrita por Tomás Antônio Gonzaga mostra o eu lírico de certa forma convidando Marília a pensar sobre tudo que aprendemos e continuamos aprendendo com a natureza . Como foco queria colocar a natureza como a medida das coisas . Também podemos observar característica bem presentes do Arcadismo , como a linguagem simples , com naturalidade e a utilização do pseudônimo por parte do poeta . Pseudônimo que era muito presenta nos poemas da época com o intuito de meio que criar uma segunda identidade .


Aluno: Mateus Mota - Turma C

Movimento Literário Arcadismo: Texto 5 - Soneto XIV de Cláudio Manuel da Costa

*O Soneto:



Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.


Que bem é ver nos campos transladado
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!


Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trata a mentira, outro a verdade.


Ali não há fortuna, que soçobre;
Aqui quanto se observa, é variedade:
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!


Disponível em: http://googleweblight.com/?lite_url=http%3A%2F%2Fwww.biblio.com.br%2Fconteudo%2FClaudioManoeldaCosta%2Fmpoemas.htm&ei=qtNfskb4&lc=pt-BR&s=1&m=30&host=www.google.com.br&ts=1479003483&sig=AF9NedlNeuqWKUOBJZOmLTPIoMJd-bJc1g [Fragmentado]


*A Análise:

O poeta já deixa claro qual é o tema de seu soneto: a tranquilidade do campo e a corrupção da vida urbana. Sendo assim, nos primeiros versos o eu-lírico, por meio duma metáfora, “o rosto da violência”, sintetiza o quão desastroso pode ser deixar o campo. E, é essa a situação do sujeito-lírico, ele adverte àqueles que planejam deixar o trato pastoril que na cidade os desgostos e as desilusões são inevitáveis.


Aluno: Marcos Paulo - Turma C

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Movimento Literário Arcadismo: Texto 4 - Canto II [Acaso soube que a Gupeva viera] de Frei José de Santa Rita Durão

*O Poema:



LXXVII

(...)
Acaso soube que a Gupeva viera
Certa dama gentil brasiliana;
Que em Taparica um dia comprendera
Boa parte da língua lusitana;
Que português escravo ali tratara,
De quem a língua, pelo ouvir, tomara.


LXXVIII

Paraguaçu gentil (tal nome teve)
Bem diversa de gente tão nojosa,
De cor tão alva como a branca neve,
E donde não é neve, era de rosa;
O nariz natural, boca mui breve,
Olhos de bela luz, testa espaçosa;
De algodão tudo o mais, com manto espesso,
Quanto honesta encobriu, fez ver-lhe o preço.

(...)


LXXXI

Deseja vê-lo o forte lusitano,
Por que interprete a língua que entendia;
E toma por mercê do céu sob'rano
Ter como entenda o idioma da Bahia.
Mas, quando esse prodígio avista humano,
Contempla no semblante a louçania:
Pára um, vendo o outro, mudo e quedo,
Qual junto de um penedo outro penedo.


LXXXII

Só tu, tutelar anjo, que o acompanhas,
Sabes quanto a virtude ali se arrisca,
E as fúrias da paixão, que acende estranhas
Essa de insano amor doce faísca;
Ânsias no coração sentiu tamanhas
(Ânsias que nem na morte o tempo risca),
Que houvera de perder-se naquela hora,
Se não fora cristão, se herói não fora.



Disponível em: http://www.escritas.org/pt/t/12572/canto-ii-acaso-soube-que-a-gupeva-viera


*A Análise:

Frei José de Santa Rita Durão foi um religioso agostiniano brasileiro do período colonial, orador e poeta. Frei José, tendo a Igreja Católica como sua instituição principal, mostra no texto influências de sua religião quando fala de um anjo: [...] "Só tu, tutelar anjo, que o acompanhas," [...].
O autor mantêm a ideia de neoclassicismo e setecentismo. É notável a riqueza de detalhes no poema, bem como o predomínio de uma linguagem simples miscigenada com uma linguagem técnica por seus conhecimentos teológicos e filosóficos do catolicismo.
O poema em si não cita o nome de Deus, mais uma vez comprovando que o movimento literário arcadismo não exalta o teocentrismo, mas o homem que vai chegando aos poucos no centro com seus pensamentos racionais como a ideologia iluminista que foi se ampliando aos poucos, fazendo os povos pensarem em questões que nunca tinham parado para refletir, como a situação política, econômica e social da região específica. É importante colocar em questão, que o livro 'Caramuru' de Santa Rita Durão, é um livro que retrata o descobrimento e a conquista do território da Bahia com narrativas históricas e fazendo um pouco de exaltação das terras do Brasil descrevendo as paisagens e belezas das regiões brasileiras. O livro também descreve a vinda dos europeus, como os portugueses para o litoral do nordeste brasileiro para a colonização e consequentemente a exploração das riquezas do mesmo.
O poema retrata um pouco de amor e paixão: "E as fúrias da paixão, que acende estranhas [...] Essa de insano amor doce faísca; [...] Ânsias no coração sentiu tamanhas." A retratação desse amor e paixão é baseado em figuras de linguagens e com a linguagem da época.



Aluno: Jhonata Schelck da Silva Souza - Turma C

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Movimento Literário Arcadismo: Texto 3 - A uma senhora que o autor conheceu no Rio de Janeiro, viu depois na Europa de José Basílio da Gama


*A Poesia:




Na idade em que eu brincando entre os pastores

Andava pela mão e mal andava,

Uma ninfa comigo então brincava

Da mesma idade e bela como as flores.

 

Eu com vê-la sentia mil ardores.

Ella punha-se a olhar e não falava ;

Qualquer de nós podia ver que amava,

Mas quem sabia ento que eram amores ?

 

Mudar de sitio à ninfa já convinha,

Foi-se a outra ribeira; e eu naquela

Fiquei sentindo a dor que n'alma tinha.

 

Eu cada vez mais firme, ela mais bela;

Não se lembra ela já de que foi minha,

Eu ainda me lembro que sou dela!...

 

Disponível em: http://arcadismobasiliodagama.blogspot.com.br/2010/09/poemas-de-basilio-da-gama.html?m=1 [Fragmentado]

 

*A Análise:

A partir da análise da poesia "A uma senhora que o autor conheceu no Rio de Janeiro viu depois na Europa". De José Basílio da Gama. Na primeira parte da poesia se tratava-se da infância em que ele brincava entre os campos de mãos dadas com uma mulher, bela e da mesma idade com uma beleza como as flores e nessa primeira parte ele se declara em seu pensamento, que ele e apaixonado pela mulher que ele convivia. Na segunda parte da poesia ele sofre com a dor da separação dele com a ninfa "mulher", pelo fato dela ter si mudado do sitio o que pode ser entendido por essa frase da poesia "mudar de sitio á ninfa já convinha". É no final da poesia ele com um pensamento que não sai da cabeça, que a mulher já não se lembra que foi dele é ele se lembra que cada dia mais ela foi dele. O que pude interpretar com essa poesia e que após uma separação, um fato do destino e que mesmo após disso amor continua a existir. Basílio da Gama, tinha um talento de poeta neoclássico, ao escrever poesias liricas e poesias épicas.


Aluno: Jean Carlos Félix - Turma C

domingo, 30 de outubro de 2016

Movimento Literário Arcadismo: Texto 2 - Marília de Dirceu de Tomás Antônio Gonzaga

*A Poesia:


Tú não verás, Marília, Cem cativos
tirarem o cascalho e a rica terra,
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da mina da serra.


Não verás separar ao hábil negro
do pesadelo esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de oiro
no fundo da bateia.


Não verás derrubar os virgens matos,
queimar as capueiras inda novas,
servir de adubo á terra a fértil cinza,
lançar os grãos nas covas.


Não verás enrolar negros pacotes
das sêcas folhas do cheiroso fumo;
nem espremer entre as dentadas rodas
da doce cana o sumo.



Disponível em: http://gonzaga-tomas.blogspot.com.br/2012/02/trecho-do-poema-marilia-de-dirceu.html [Fragmentado]


*A Análise:

O poema Marília de Dirce remete ao primeiro momento do Arcadismo , o poético . Este poema foi inspirado em seu romance com Maria Dorotéia, expressão de um desejo por uma vida simples, em contato com a natureza. Pode ser dividido em duas partes : a primeira mostra sobre a fase romântica, a felicidade, o desejo de ter uma família e a segunda, traz uma reflexão sobre a justiça dos homens, já que o autor se encontrava exilado enquanto escrevia, e o “eu-lírico” revela no amor por Marília sua consolação. O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo, surgiu no continente europeu no século XVIII, durante uma época marcada por revoluções como a Francesa ,Industrial, a independência do Estados Unidos ,e as idéias iluministas. Ao contrário do Barroco que mostrava mais as cidade, esse período  valoriza a vida no campo e crítica a vida nos centros urbanos. Observa-se ao longo de todos o poema, além do amor expressado pelo o “eu-lírico” , marcas do bucolismo e pastoralismo.


Aluna: Tayná Couto - Turma C

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Movimento Literário Arcadismo: Texto 1 - Temei, Penhas... de Cláudio Manoel da Costa

*A Poesia:


Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!


Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra meu coração guerra tão rara
Que não me foi bastante a fortaleza.


Por mais que eu mesmo conhecesse o dano
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano;


Vós que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei: que Amor tirano
Onde há mais resistência mais se apura.



Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br/cmc.html [Fragmentado]



*A Análise:

Neste poema, Claudio Manuel da Costa faz inúmeras referencias ao "patrio rio" (Ribeirão do Carmo) e a sua cidade (Mariana), com seus "penhascos", "rochas ingrimes" etc. Ele foi o primeiro poeta do neoclassicismo brasileiro de sólida cultura humanística. O autor foi pego de surpresa pelo amor por "Uma alma terna, um peito sem dureza!" que devido sua delicadeza derrubou suas muralhas vencendo a guerra do amor, pois quanto mais se resiste ao amor mais ele o conquista.


Aluno: João Victor Menegatti - Turma C



Movimento Literário Arcadismo: A biografia e as obras dos principais Autores do Período.

*Biografia do Autor Cláudio Manoel da Costa:


Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) foi um poeta do Brasil colônia. Um dos maiores poetas do arcadismo, escola literária trazida da Europa. Foi aluno da Universidade de Coimbra. Sua carreira literária teve início com a publicação do livro "Obras Poéticas". Tornou-se conhecido também por sua participação na Inconfidência Mineira. É Patrono da cadeira nº 8 da Academia Brasileira de Letras. Nasceu na zona rural de Ribeirão do Carmo, hoje Mariana, em Minas Gerais. Filho de João Gonçalves da Costa, ligado à mineração, e Teresa Ribeira de Alvarenga, natural de Minas Gerais. De família rica, estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro e em 1753 formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Em Portugal teve contato com as renovações da cultura empreendida pelo Marquês de Pombal e Verney. Costa considerado o primeiro poeta do movimento árcade brasileiro, embora ainda apresente características barrocas em toda a sua obra, principalmente no que diz respeito ao estilos cultista e conceptista utilizados, compondo poemas perfeitos na forma e na linguagem. Por isso, costuma-se dizer que Claudio Manoel da Costa é um poeta de transição entre o barroco e o arcadismo. Além disso, seus poemas têm influência dos versos camonianos. O início do movimento árcade na literatura brasileira tem como marco a publicação de sua coletânea de poemas intitulada Obras (1768). Diferentemente da produção poética anterior, este poeta prioriza o retrato da natureza como um local de refúgio dos problemas da vida urbana, onde o poeta/pastor pode desfrutar da vida rural. Seus temas giram em torno de reflexões morais e das contradições da vida, além de ter escrito um poema épico, Vila Rica, no qual exalta o bandeirantes, exploradores do interior do país além, é claro, da fundação da cidade de mesmo nome.


*Biografia do Autor Tomás Antônio Gonzaga:



Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) foi um dos principais escritores do arcadismo. Por seu envolvimento na Inconfidência Mineira, foi preso e deportado para a África. Patrono da cadeira no 37 da Academia Brasileira de Letras, nasceu na cidade do Porto, em Portugal. Seu pai era um magistrado brasileiro. Retornou ao Brasil e tornou-se ouvidor e juiz. Então, mudou-se para Vila Rica em 1782, onde se apaixonou por Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, musa inspiradora dos seus poemas líricos, que tornaram sua obra mais reconhecida: “Marília de Dirceu”. As "liras" refletem a trajetória do poeta. Antes da prisão, apresentam a ventura do amor e a satisfação com o momento presente. Depois, trazem o infortúnio, a justiça e o destino. As "Cartas Chilenas" correspondem a uma coleção de doze cartas, poemas satíricos que circularam em Vila Rica poucos antes da Inconfidência Mineira. Por muito tempo, discutiu-se a autoria das "Cartas Chilenas", mas após estudos comparativos da obra com possíveis autores, concluiu-se que o verdadeiro autor é Gonzaga.


*Biografia do Autor José Basílio da Gama:



José Basílio da Gama nasceu em 1741 na cidade de São José do Rio das Mortes, atual Tiradentes, em Minas Gerais. Falece em Lisboa no dia 31 de julho de 1795.
Foi para o Rio de Janeiro, onde estudou no Colégio dos Jesuítas e era noviço quando os jesuítas foram expulsos do país. Exilou-se na Itália e filiou-se na Arcádia Romana, sob o pseudônimo de Termindo Sipílio. É preso por jesuitismo, em Lisboa, e enviado para Angola, livrando-se do exílio ao escrever um poema para a filha do Marquês de Pombal.
Em 1769 publica o poema épico O Uraguai, criticando os jesuítas e defendendo a política do Marquês de Pombal que o transforma em oficial da Secretaria do Reino. A crítica recaía no fato de que os jesuítas não defendiam os índios, apenas pretendiam falsamente libertá-los e usar a mão de obra indígena para proveito próprio. Em 1750, com o Tratado de Madrid, a missão dos Sete Povos passaria aos portugueses enquanto que Colônia de Sacramento, no Uruguai, passaria para os espanhóis. O poema narra a luta dos portugueses contra os índios das Missões (instigados pelos jesuítas espanhóis) que se recusam a sair de suas terras, dando início aos conflitos conhecidos como as Guerra Guaranítica (1754-56). A crítica recai, principalmente, sobre o personagem Balda, padre jesuíta que encarna o mal. Corrupto e desleal, seduz uma índia e tem um filho com ela, Baldeta. Na aldeia moram também o chefe da tribo Cacambo e sua mulher Lindóia, casal que representa a força do guerreiro e a beleza e delicadeza da índia. Balda quer forçar Lindóia a se casar com Baldeta, enviando Cacambo para as batalhas na esperança de que o índio morra para uni-la a seu filho.
No Canto II, Basílio da Gama relata o encontro entre os caciques Sepé Tiaraju e Cacambo com o comandante português Gomes Freire de Andrada, ocorrido às margens do rio Uruguai (chamado então de "Uraguai"). O comandante tenta estabelecer um acordo com os índios, sem sucesso, dando início aos combates. Seus poemas possui características como: rompimento da estrutura poética camoniana; inovação no gênero epico: versos decassílabos brancos, isto é, sem rima, sem divisão de estrofes e divididos em apenas cinco cantos; ao contrário da tradição épica, o poema conta um acontecimento recente na história do país; discursos permeados por ideias iluministas.
 
 
*Biografia do Autor Frei José de Santa Rita Durão:
 
 
 
José de Santa Rita Durão nasceu em Cata-Preta, nas proximidades de Mariana em Minas Gerais. Ingressa na Ordem de Santo Agostinho, em Portugal, e lá permanece até sua morte em 1784.
Seu trabalho mais conhecido é o Caramuru (1781), cujo subtítulo, Poema épico do descobrimento da Bahia, remonta ao tempo em que os primeiros europeus chegaram ao Brasil e travaram contato com os nativos.
Caramuru é o nome dado ao português Diogo Álvares Correia que passa a viver entre os índios Tupinambás após sobreviver a um naufrágio no litoral baiano. Considerado um herói "cultural", que ensina as leis e as virtudes aos "bárbaros" que aqui viviam, ganha o respeito dos índios ao disparar uma arma de fogo. Os índios, assustados, equiparam-no a Tupã e passam a respeitá-lo como uma entidade eviada. Ele se encanta com Paraguaçu, a bela índia de pele branca. Já instalado na tribo, Diego percebe a possibilidade de difundir a fé cristã para os índios, doutrinando-os após ter encontrado uma gruta que se assemelharia a uma igreja.
Mais adiante, Diego ajuda a resgatar a tripulação de um barco espanhol que havia naufragado e vê a possibilidade de retornar à Europa através da nau francesa que viera resgatar aquela tripulação. Parte, com Paraguaçu, deixando para trás as belas índias que haviam se apaixonado por ele, incluindo Moema, a mais bela, que atira-se ao mar em direção ao navio na tentativa de alcançar o seu amado. Ao chegar na Europa, Paraguaçu é batizada de Catarina, ambos são festejados e recebem as honras da realeza lusitana. O poema segue a estrututura dos versos camonianos (de Camões) e da epopeia clássica, com fortes influências da mitologia grega: composto por 10 cantos, versos decassílabos, oitava rima camoniana. Segue também com a divisão tradicional das epopeias: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo.


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[Ambos com Fragmentação de Conteúdos]